* Hoje (16.02), peço licença a meus minguados leitores para fazer uma singela homenagem-lembrança no dia de seu aniversário. Desculpem-me!
DEZ ANOS DE SAUDADE DO MEU PAI
Dez anos se passaram e nada mudou nessa eterna saudade, a dor da ausência continua a mesma, como se você não tivesse partido. A lembrança que você nos legou continua viva em nossos corações e tenho plena convicção que nunca morrerá. Lembro-me de sua candura e rudeza, que em total contra-senso, conviviam harmoniosamente. Pai, fico a imaginar como seria bom que você ainda estivesse conosco nos passando sua sabedoria e humildade. Às vezes imagino que o meu insucesso financeiro tenha origem na sua humildade, cuja característica me espelhei, mas, por outro lado, a sua sabedoria em passar o exemplo da retidão, justiça e lealdade foi mais eficaz. Hoje sinto que até seus defeitos me ensinaram muita coisa. Você detestava fofoca, intriga e mesquinharias sociais, para você tudo deveria ter um objetivo grandioso, o tempo não deveria ser desperdiçado com futricas e mazelas sociais. Agora em outra áurea, passado a revolta da injustificável perda, volto à esperança de revê-lo em outra dimensão. Tenho certeza de que a primeira frase que me dirigirá será: Está precisando de alguma coisa, meu filho? Como em todas as famílias, e a nossa não seria a exceção, os desentendimentos são freqüentes, entretanto, aprendemos com você a não valorizá-los, passado a quizila familiar, fazíamos de conta que nada houvera e assim conseguia-mos seguir em frente e não guardar mágoas de nossos ente queridos. Agíamos como se bêbado estivéssemos, pois dizia ele, que: Não dê cabimento a bêbado! E ele tinha conhecimento de causa, adorava “tomar umas” e bem sabia que o bêbado faz, está sabendo que está fazendo, mas não tem a dimensão da “merda” que está fazendo. Do mesmo jeito ajo com meus algozes. Não que seja santo, mas, passado a raiva inicial, reflito e penso comigo mesmo: Quem nunca errou? É perdoando que se é perdoado, diz o hino religioso para São Francisco de Assis. Se você não admite que erra, jamais entenderá os erros dos outros e, infelizmente, não sou perfeito. Recordo nossos veraneios em Tibau, nossas viagens aos centros mais desenvolvidos para tentar a cura para a minha precoce paralisia facial, as visitas ao nosso sítio localizado vizinho ao posto da policia rodoviária federal na estrada que dá acesso a Fortaleza e a Tibau. Lá havia uma sinuca e uma radiola a pilhas em que você ouvia ternamente as músicas de Miltinho e Adilson Ramos saboreando alguns drinques e uns tira gostos para desespero de D. Layzinha, pois ela sabia que no retorno a nossa casa você sempre promovia alguma presepada, posto que fosse do seu cotidiano. Boas lembranças, agora que passou, mas, na época era um sufoco. Também recordo de sua premonição para alguns acontecimentos que não queríamos enxergar ou admitir a possibilidade de insucesso. A recordação continua com sua predileção pela leitura das grandes revistas da época, tais como O Cruzeiro, Manchete, Fatos & Fotos, Atualidades, dentre outras. Não havia a facilidade de informação naquela época, não é como hoje que estamos na era da informática, e que as informações correm o mundo em poucos segundos. Era preciso esperar os ônibus que vinham de Fortaleza ou de Natal, por uma estrada de terra, com as revistas contendo as informações do sul do país e do resto mundo, às vezes com atraso de alguns dias depois de passado o acontecimento. A copa do mundo realizada no Chile, por exemplo, que passados mais de uma semana é que chegou a revista O Cruzeiro com a cobertura de um acontecimento que já havíamos até mesmo comemorado. Mas ainda assim, você fazia questão de comprar para melhor se informar. Tinhas um álbum em que guardavas todos os recortes da carreira política de Getúlio Vargas, assim como as revistas com a cobertura jornalística dos assassinatos dos irmãos políticos americanos, John e Robert Kennedy. Aqui caberia o bordão do rei Roberto Carlos. “São tantas emoções...” Recordações que aqui não caberiam. Todavia, fica mais um registro de sua personalidade marcante e bondosa, passados estes dez anos sem você é como se ainda estivesses entre nós, naquela cadeira de balanço lá na garagem-sala de sua casa, assistindo televisão esperando a chegada dos filhos e dos netos com um saco de bombons para distribuir. Enfim, saudades, meu pai, espero um dia revê-lo!
Alcides, que recentemente foi que soube ser este o seu nome, igual ao do meu pai. Belo texto, boas recordações suas, talvez, ainda traquinas quando menino. Importante são essas lembranças, boas, por sinal, as que hoje, em pouco tempo tenho de meu pai.
ResponderExcluirIncrível a saudade, vai completar 03 anos do falecimento do meu pai e 04 anos do falecimento da minha mãe, a cada dia que passa a saudade aumenta mais, vocês foram tudo de bom em minha vida, infelizmente esqueceram de me ensinar somente uma coisa, a viver sem vocês.
ResponderExcluirDr. Alcides, belíssimo artigo. Parabéns!
ResponderExcluirExcelente seu blog! continue.
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